Carta 021 - ELEIÇÃO

Gostaria de saber da possibilidade de obter cópia da declaração de bens dos candidatos ao cargo eletivo de "Presidente da República" na eleição de 1998.

A razão é a seguinte: Todos os candidatos devem apresentar uma declaração de bens ao Tribunal Superior Eleitoral para concorrer ao cargo eletivo:

IV - declaração de bens, assinada pelo candidato (Lei nº 9.504/97, art. 11, § 1º, IV).

Não sei e gostaria muito de saber se o candidato Fernando Henrique Cardoso apresentou/informou em sua "declaração de bens" as 02 (DUAS) contas que o mesmo possui no exterior (Abertas legalmente, sendo uma para receber vencimentos do Itamaraty e a outra para receber direitos autorais, segundo o próprio revelou a imprensa quando do episódio da denúncia do chamado "Escândalo das Bahamas", quando foi acusado de ter contas secretas no exterior...)

O problema é o seguinte: Caso tenha havido sonegação desta informação na sua "Declaração de bens" (Junto ao TSE), o Sr. Fernando Henrique Cardoso pode vir a perder o mandato atual !!!

Ademir W. Cavalcanti

******************

Nota da Webmaster Indignada - ao receber este e-mail, imediatamente entrei em contato com uma pessoa que possui vasto conhecimento jurídico, e a resposta sobre o assunto foi que somente a justiça pode quebrar o sigilo das pessoas, e no caso de candidatos, a Justiça Eleitoral somente tem acesso a essas informações. Enviei a resposta para Ademir, que então me enviou o seguinte:

Cara Fabiola Larkin

Conforme podes ler abaixo na cópia do e-mail recebido por mim e encaminhado pela Ombudsman do Jornal "A Folha de São Paulo", tal tipo de informação não é tão sigilosa assim ...

Lembro que ví na imprensa a divulgação de alguns ítens de bens, inclusive fazendo referência a que o candidato tal seria o mais rico com um patrimônio "X" e que outro declarara apenas um sítio e um carro usado no valor de "X" etc. , isto não só dos candidatos à presidência como aos governadores de Estados ...

O problema é que apesar da promessa não recebi nada ... O que reforça ainda mais as minhas suspeitas.

OBS.: Também solicitei diretamente ao TSE via e-mail e o maior silêncio ...

Ademir

Cópia de e-mail recebido:

-----Mensagem Original-----

De: Renata Lo Prete
Enviada em: Quinta-feira, 1 de Julho de 1999 16:12

Caro Senhor: Desculpe-me pela demora em responder sua mensagem de 17 de junho com solicitação sobre a relação de bens do presidente FHC. A Folha publicou a relação declarada ao TSE. Como foi publicada na forma de "arte" não tenho como enviá-la por e-mail, por não estar disponível na versão online. O sr. poderia informar o endereço postal?

Aguardo resposta.

Atenciosamente,
Renata Lo Prete - Ombudsman
Al. Barão de Limeira, 425 - 8 andar São Paulo - SP - Brasil - Cep. 01202-900
Tel. 0800-159000 Fax. (011)224 3895 e-mail. ombudsma@uol.com.br

**************************************

A seguir, o e-mail que enviei a Renata Lo Prete cobrando os documentos prometidos a Ademir. Se você quiser colaborar, favor enviar e-mail a ela pedindo uma posição sobre o assunto.

Cara Renata Lo Prete,

Chegou ao meu conhecimento o fato de que o leitor Ademir W. Cavalcanti solicitou junto à senhora a "arte" publicada pela Folha de São Paulo sobre as declarações de bens dos candidatos à Presidência da República.

Em e-mail enviado a ele, datado de 1/7/99, a senhora informa que como este documento não se encontra on-line devido ao fato de ter sido publicado em forma de "arte", a senhora pede a ele o endereço físico para que ele possa receber o artigo mencionado.

Infelizmente, já entramos outubro e até agora o senhor Ademir não recebeu nada.

Como webmaster da página Nação Indignada, recebendo o e-mail de Ademir comentando o caso, resolvi escrever para a senhora para reforçar o pedido. Não pretendemos copiar o artigo, mas simplesmente verificar o que Fernando Henrique Cardoso declarou, perante a Justiça Eleitoral,como sendo seus bens.

Contando com sua ajuda, despeço-me.

Atenciosamente,
Fabiola Larkin - Webmaster Indignada - http://users.50megs.com/indignacao/


Carta 022 -CORTAR MAIS A CARNE DO POVO, AINDA ???

Excelentíssimo Senhor Presidente,

-Porque o senhor não esquece um pouco o povo mais necessitado, os aposentados, os pobres, que já têm uma vida tão difícil e, com o fim do sonho do REAL, o sonho da estabilidade, o sonho da moeda FORTE, tende a piorar ainda mais ! .... e COMEÇA A CORTAR UM POUCO NA CARNE:

*dos POLÍTICOS-que já são remunerados demais e têm todas as mordomias em contraste com a pobreza do país.(Inclusive o senhor)

*dos RICOS -que podem tudo e pouco contribuem.

*dos BANCOS -que só ganham neste país e nunca pagam nada! (em relação aos trabalhadores em geral)

*dos JUÍZES -que pouco fazem pela justiça do país e não fazem jus ao salário e mordomias, e pleiteiam "TETO" de R$12.800,00, neste Brasil do Sal.Mínimo de R$136,00!

*dos FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS COM SALÁRIOS BASE SUPERIORES A R$ 5.000,00/MÊS, que, por terem todas as garantias de emprego e aposentadoria integral, poderiam ter um gesto patriótico e contribuir um pouco mais que os trabalhadores em geral que não têm garantia nenhuma de nada!

-DEIXE O POVO VIVER, SENHOR PRESIDENTE, SENÃO, LOGO LOGO OS GOVERNOS NÃO TERÃO DE ONDE TIRAR ESSA ARRECADAÇÃO FABULOSA, QUE TÊM HOJE !!

-ESTIMULE A INDÚSTRIA, GERE EMPREGOS, CASO CONTRÁRIO, EM FUTURO BEM PRÓXIMO, A DESOBEDIÊNCIA CIVIL ACABARÁ IMPERANDO,POR FORÇA DA NECESSIDADE, NO PAÍS INTEIRO!!

Um cidadão que confiou em tudo que o senhor falou!

Sergio Milanello
semil@starmedia.com


Carta 023 -PIADAS...

Veja só a pauta da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro!!! É festa, não é?

24/09/99 (6ª FEIRA)
No plenário, às 19h - Sessão solene para entrega da Medalha de Mérito Pedro Ernesto a Onéas César Filho, que vai ser homenageado pelo vereador Luiz Carlos Ramos (PT do B).

27/09/99 (2ª FEIRA) No plenário, às 18h30min - A vereadora Daisy Lúcidi (PFL) promove solenidade comemorativa do Dia da Radiodifusão. Diversos radialistas foram covidados, dentre eles Haroldo de Andrade e Wilson Silva.

28/09/99 (3ª FEIRA) Nas escadarias, às 17h 30min - Apresentação da bandinha de música Brasa Ipanema em homenagem ao desportista Moacyr Barbosa, que vai receber título de Cidadão Honorário logo em seguida no plenário. É a mesma banda que acompanha o vereador Rogério Cardoso Salgadinho desde a época da campanha.
No auditório, às 18h - A vereadora Ana Lipke (PT) convoca para Fórum de Saúde.
No plenário, às 18h30min - Por iniciativa do vereador Rogério Cardoso, o desportista Moacyr Barbosa recebe o título de Cidadão Honorário da Cidade. Foram convidados dentre outros: Francisco Manoel de Carvalho, presidente da Suderj; Eurico Miranda, vice-presidente de Futebol do Clube de Regatas Vasco da Gama, e o deputado estadual Jorge Moreira Teodoro.

29/09/99 (4ª FEIRA) No plenário, às 10h - Audiência pública da CPI que apura a denúncia de contrato entre o Município do Rio de Janeiro e as empresas Sondotécnica e Maxsystem, sob a presidência do vereador Ruy Cezar (PTB).
No plenário, às 18h30min - O vereador Jorge Leite (PFL) homenageia o Procurador de Justiça José Antonio Leal Pereira e o Promotor José Avelino Atala com a Medalha Pedro Ernesto.

30/09/99 (5ª FEIRA) No plenário, às 9h - Audiência pública da CPI das Funerárias, a pedido do vereador João Cabral (PT do B). Deverá comparecer o enfermeiro Edson Izidoro, do Hospital Salgado Filho, se forem garantidas as condições de segurança.
No auditório, às 9h - Reunião da Comissão do Lixão de Santa Cruz, por solicitação da vereadora Ana Lipke, do PT. 01/10/99

(6ª FEIRA) No auditório, às 18h - Entrega de Moção a Iberê Magnani. Quem homenageia é o vereador Pedro Porfírio (PDT).
No plenário, às 18h 30min - Solenidade em homenagem ao 50º aniversário da Revolução Chinesa. Sugestão da vereadora Ana Lipke (PT).

Demétrius Souza
escolademestres@uol.com.br

Nota da Webmaster Indignada: Realmente, é uma piada... Que faz a gente querer chorar...Quanto é que esses indivíduos ganham, mesmo?? W.I.


Carta 024 -A QUESTÃO DO ERRO MÉDICO

Como não aprecio a camuflagem através de "nicks", informo aos meus leitores, se houver algum, que os dados como: título, autor, cidade, etc., são absolutamente autênticos, e mais, sou médico! Isto não significa que, posando de bom moço, tenha vindo até este espaço externar uma opinião tendenciosa sobre o importante tema que serve de título a este fórum.

Não estou aqui para fazer a defesa intransigente dos médicos, como seria de esperar, pelo propalado espírito de corporativismo que, acreditam todos, exista dentro da profissão, tampouco para lançar nódoas em uma atividade que do meu ponto de vista, se reveste da mais elevada importância. Penso que, para efeito de raciocínio, poderíamos dividir as opiniões sobre o assunto em: a) emitidas por vítimas de supostos erros médicos e seus familiares; b) emitidas pelos próprios médicos e c) emitidas pela população em geral, (refiro-me, evidentemente, à parcela pensante.).

Os membros do grupo a que se chamou de a) teria uma opinião até certo ponto tendenciosa, por terem sofrido, na própria carne, as conseqüências danosas de um suposto erro médico, via de regra, pendendo para generalizações perigosas e uma absoluta desilusão com respeito ao relacionamento médico-paciente.

Os membros do grupo b), portanto, os próprios médicos, teriam uma opinião percebida também como tendenciosa, na medida em que existe mesmo um espírito de corpo, saudável em algumas ocasiões, maléfico em outras. O médico, via de regra, ainda não conseguiu divorciar-se da falsa idéia de que é o detentor do saber supremo, inquestionável, que a ninguém deve explicações, todo poderoso diante do seu paciente e familiares, sofridos, fragilizados, indefesos e esperançosos em auferir os benefícios desse suposto saber.

Os membros do grupo c) têm opiniões que vão: da indiferença absoluta pelo tema, por falta de informações, já que preferem não pensar muito sobre o assunto, navegando mais à vontade quando o mote é futebol ou carnaval, ao ataque ou à defesa apaixonados de uma ou outra posições, sem, entretanto, munirem-se de quaisquer alicerces mais sólidos a embasar os seus pontos devista.

Aparentemente estamos no mato, sem cachorro. Como abordar então tal assunto? Lembram-se, os mais velhos, de quando o médico da cidade era chamado para um atendimento domiciliar? Dava-se um retoque na limpeza da casa, trocavam-se as toalhas e roupas de cama, fazia-se um cafezinho mais forte, tudo porque o Doutor ia chegar!

O profissional aparecia, então, trazendo a sua tradicional e indefectível maleta, de onde extraía seus instrumentos simples, nenhuma parafernália eletrônica, graças a Deus, e, conversava. Conversava longamente, com os familiares e com o paciente, sobre as suas queixas, examinava, auscultava, palpava, percutia, tocava, cheirava, olhava o aspecto do conteúdo do penico sob a cama, o catarro, as fezes, a urina, cofiava o cavanhaque, quando existia, e por fim, estabelecia, geralmente, um acertado diagnóstico. Preenchia o receituário que iria trazer lenitivo ao seu paciente. À saída, fazia as recomendações aos familiares, que o ouviam com atenção e respeito, e se colocava à disposição para os retornos necessários ao acompanhamento do doente.

A receita era, então, levada ao boticário da esquina, que preparava o medicamento, conforme a receita magistral ou fornecia o produto, já manipulado, quando existia.

Instituído o tratamento, forneciam-se ao médico os dados sobre a evolução do doente, dando-lhe a oportunidade de, diante de um quadro com evolução desfavorável, reexaminar o seu paciente, reformar o seu raciocínio e enveredar por outra senda de diagnóstico e terapêutica. Era um relacionamento tranqüilo, em que, mesmo sem o desenvolvimento científico atual, o médico contava com a colaboração, o respeito e a confiança dos pacientes e familiares, e, mesmo diante de um insucesso, o médico procurava explicar as razões do epílogo desfavorável e no final não restavam mágoas de quaisquer dos lados. Conheciam-se todos pelos nomes. Sabiam onde poderiam encontrar o doutor, que morava, nem sempre perto, mas sempre alcançável a qualquer hora, que não se incomodava em deslocar-se por meios próprios, a pé, ou mesmo encarapitado em bicicletas, no dorso de montarias ou na boléia de carroças e charretes.

Aos mais íntimos, contava o doutor, em momentos de ócio, geralmente bem poucos, o quanto lhe custara em termos de estudos e sacrifícios, formar-se em medicina. O enorme empenho de toda a sua família, em bancar-lhe o curso todo, ou somente a especialização, na França, Itália, Inglaterra...etc. O doutor era uma pessoa culta. Tinha hábitos saudáveis, falava com desenvoltura sobre a mitologia greco-romana, apreciava música clássica, tinha sólidos conhecimentos das matérias que faziam parte diretamente de sua lide, mas também de latim, grego, inglês, espanhol e francês, que o ajudavam a manter-se atualizado. Viajava anualmente para o seu país de formatura, para atualizar-se, deixando em seu lugar o colega mais novo, a quem recomendava cada paciente seu, mantinha uma cerrada correspondência com os seus professores, com quem trocava idéias sobre os seus casos clínicos. Não tinha pejos em solicitar ajuda aos mais experientes ou soberba em pegar nas mãos canhestras dos neófitos para ajudá-los no aprimoramento do seu labor, tudo em benefício do paciente, a sua verdadeira razão de ser.

Vivia confortavelmente o médico. Sem grandes faustos, porém com as suas necessidades básicas satisfeitas, de modo a sobrar-lhe algum tempo para um descontraído convívio familiar, para as suas reuniões com outros colegas, para troca de experiências, e tempo para estudar as atualizações médicas. Constituíam-se os médicos em uma camada social própria, fazendo parte da elite sem serem elitistas. Conheciam com exatidão o seu lugar na sociedade, o valor do seu trabalho, e, se cobravam mais dos melhor aquinhoados, era para poder atender com o mesmo desvelo e rigor técnico, graciosamente, aos carentes. Fazia-se medicina por puro idealismo e sacerdócio. O aporte econômico era uma decorrência, e não um fim em si mesmo. Bons tempos! Priscas eras! Diria o poeta, que longe vão, deixando um vácuo irreparável na relação médico-paciente!

Hoje, médicos e pacientes, cavaram trincheiras em campos opostos, tratam-se como menos números. São, via de regra, inimigos cordiais. É cada vez mais distante o relacionamento médico-paciente, entremeado com aparatos eletro-eletrônicos. Gostaria de ver como trabalhariam os nobres colegas, se, de um momento para outro houvesse um prolongado “black-out”. E os erros médicos? Evidentemente existiam, como persistirão enquanto no mundo existirem os médicos. O ser humano é sujeito a erros. Está muito longe da perfeição, que deve ser o seu eterno norte, entretanto, os erros cometidos anteriormente decorriam de limitações técnico-científicas, jamais por absoluta falta de respeito pelo paciente e desprezo pelo seu sofrimento, como hoje se observam.

Se antigamente, formar médicos era a mais nobre das missões, hoje, transformou-se em um lucrativo negócio, onde, as qualidades técnica e moral do formando não são critérios levados em consideração. Interessa apenas se ele pagou em dia as mensalidades da escola. Houve uma exagerada proliferação de escolas médicas, principalmente na época do tão falado “milagre brasileiro”.

Aos jovens de condição sócio-econômica modesta, era acenada a possibilidade de concluírem um curso superior, com a popularização das universidades, e a medicina sempre foi um grande atrativo. Esta ilusão de progresso foi facilmente aceita e digerida pelo populacho iletrado, o mesmo que hoje sofre e reclama das dificuldades em absorver-lhe as conseqüências. Baixaram-se os níveis mínimos exigidos para o ingresso no ensino superior, para absorver a massa de estudantes já vítimas de um ensino básico claudicante.

Modificaram-se os currículos, reduzindo as exigências, como medidas demagógicas cuja resultante dramática todos conhecemos. É mais fácil modificar o currículo do que investir em qualidade, até mesmo porque, os responsáveis por esses crimes, sequer se tratam no Brasil, ou seja, não consomem o produto que criaram.

Gostaria muito de ver os nossos políticos e demais líderes, em uma fila de um postinho de saúde da periferia, aguardando por um atendimento que está longe de preencher as mais elementares necessidades do doente. Se antes a medicina era taxada de elitizada, e, até certo ponto, fazia juz a este adjetivo, hoje ela popularizou-se e prostituiu-se de uma tal forma que abdicou de toda a qualidade técnica e moral, para nivelar-se ao rés do chão, enveredando, muitas vezes por vertentes criminosas de desvios de verbas, corrupção desenfreada e toda a sorte de desmandos, em que o paciente, sequer é levado em conta.

Os erros médicos atualmente observados decorrem, principalmente, da entrada no mercado de trabalho de profissionais mal formados técnica e moralmente, que, diante de uma tabela de honorários aviltante, insurge-se contra o seu paciente, e não contra os responsáveis pelos valores da tabela. Caem no inevitável círculo vicioso: ganha-se mal porque trabalha-se mal, ou trabalha-se mal porque ganha-se mal? Nas demais atividades, se não aceitável, pelo menos é compreensível esta situação, porém, em medicina, onde a matéria prima com a qual se trabalha, é a mais nobre entre todas, não se pode admitir tal situação.

Fala-se à exaustão, por todos os meios de divulgação, da eterna falta de dinheiro para a saúde, achando-se que dela decorrem todas as falhas pessoais e dos serviços. Questiono esta assertiva. Jamais se tratou seriamente a qualidade técnica do profissional médico, como se este fosse um território tabu. Enquanto persistir este conceito errôneo, vamos a lugar algum. Mais importante do que o dinheiro aplicado em refinamentos de técnica, que sofrem os mais variados desvios de trajeto até chegar, devidamente mutilado ao seu objetivo, está a elevação do nível técnico/profissional/moral do médico.

Um profissional, quando competente, munido de uma lâmina de barbear e de um talo de mamona é capaz de fazer uma traqueostomia e salvar uma vida. Munido de uma furadeira doméstica, é capaz de drenar um hematoma intracraniano e salvar outra vida. O grande problema é, onde praticar a incisão, mesmo que se tenha nas mãos um bisturi de ouro? Como colocar uma cânula, mesmo sendo esta feita do mais sofisticado e puro silicone? Onde efetuar a trepanação, mesmo com uma máquina computadorizada? Milhares de outros exemplos poderiam ser dados, em que fica patente que o fulcro da questão, na verdade é a qualidade da mão de obra médica oferecida à população, fruto de um ensino capenga, que começa falhando no ensino básico, de onde saem praticamente analfabetos e deságuam nas universidades e por conseqüência, na vida profissional.

Se os médicos, em sua defesa, alegam falta de condições materiais de trabalho, é porque nunca leram o seu próprio código de ética, onde está escrito que: se não encontrarem as condições mínimas para o desempenho digno de suas funções, devem recusar-se a exercê-las. O profissional bem formado, conhece o seu valor, recusa-se a ser nivelado por baixo, recusa-se a ter os seus honorários estabelecidos por outrem, que ignora a sua qualificação técnica e a sua dedicação ao que faz, sente-se humilhado ao ter que marcar cartão de ponto, como um operário comum, tendo descontados minutos de atraso em seu salário, como ocorre em determinada Prefeitura Municipal, onde todo o médico é considerado como desonesto e vagabundo, até que prove o contrário, o que nunca conseguirá. Encaram a medicina como se fosse uma atividade que pudesse ser norteada por minutos a mais ou a menos na jornada de trabalho, determinando número mínimo de atendimentos por hora, que contraria a orientação da própria OMS, (Organização Mundial de Saúde), que prevê um tempo mínimo de 15 minutos gastos pelo médico por paciente, que, dolosamente, foi alterado para tempo máximo de 15 minutos por paciente, exigindo-se uma produção, (o nome é este mesmo!), de 04 paciente por hora, no mínimo. É por essas e outras coisas, que, fizeram-se vários concursos e não conseguiram preencher as vagas existentes, tendo que recorrer à contratação de profissionais temporários, sem qualquer compromisso com a saúde pública.

Situações como esta, tão comuns neste nosso Brasil, são aceitas somente por três tipos de profissionais: os recém-formados, por falta de opção, e que debandam assim que conseguem sustentar-se com as próprias pernas; os incompetentes, que também, por falta de opção determinada pela sua incompetência, tornam-se capachos do sistema e podem até ser alçados à condição de chefículos, o que muito lhes agrada, lustra o ego e dá uma falsa, porém confortável sensação de competência profissional, e finalmente, aqueles, entre os quais me incluo, que, bem formados e competentes, por puro idealismo abraçaram a medicina pública em uma época em que se valorizava o profissional, e que hoje, permanece porque falta pouco tempo para a aposentadoria, e não pode abrir não deste pecúlio do qual dependerá a sua sobrevivência na senectude.

Ouvi de um colega médico, que por sua vez ouviu da boca, fétida, do protagonista da história, o fato de que, uma vez em plantão de pronto-socorro, quando chamado de madrugada, (não sei o que fazia dormindo um médico de pronto socorro!), sequer escovara os dentes, para, propositadamente, bafejar o seu hálito pútrido no nariz do paciente, como forma de puni-lo por ter sido acordado. Contou isso entre gargalhadas de prazer. Estes são os nosso médicos?!

O que sabem estas pessoas, sobre humanitarismo, sobre respeito ao ser humano, sobre a nobreza da profissão que abraçaram, mas da qual não são dignos sequer para tarefas de faxina? Posso acreditar e confiar a minha vida a um profissional desta qualidade?

O cerne da questão do Erro Médico, é muito anterior ao episódio erro médico, em si. Remonta à qualificação intelectual e moral do estudante, desde a sua formação básica, e que, diagnosticada e corrigida hoje, não apresentará resultados satisfatórios em menos de 30 anos, daí não despertar o interesse da maioria dos nossos políticos, que estão preocupados somente com a imediata vantagem, econômica ou eleitoral que possa auferir, no máximo até às próximas eleições. Prazos maiores não estão em seus planos. São estas pessoas que, quando necessitam de serviços médicos recorrem às ilhas de excelência mundial. Jamais irão ao Pronto Socorro Público.

Antonio Carlos de Souza
acarlosdesouza@uol.com.br


Carta 025 -OS MENINOS DA TERRA DO NUNCA

Tenho analisado os acontecimentos que se referem à Febem e tenho lido e ouvido, talvez não o suficiente, as opiniões de pessoas ligadas a esse órgão e opiniões de pessoas desconhecidas não ligadas a esse órgão que tem lá o seu parecer sobre o que fazer com o órgão e com os garotos que lá estão, e, quase sempre me deparo com sugestões não tão agradáveis que chegam mesmo a arrepiar.

O Brasil já foi terra de ninguém. Ainda hoje não temos história suficiente para contar e também se tivéssemos nesse momento poucas pessoas iriam se preocupar com isso. O fato é que temos um problema muito sério acontecendo na nossa cara e na cara das pessoas que dizem que GOVERNAM e ninguém ainda fez nada.

Os seres que habitam esses complexos Imigrantes, Tatuapé e outros mais, são Seres Humanos. Eles tem o direito à família, à escola, ao aprendizado em geral (não o do CRIME). O que leva o ser humano à busca da Sabedoria, senão o caminho árduo à custa do trabalho, do estudo, do conhecimento, da responsabilidade perante à vida e outros valores individuais que o espírito humano conquista durante a sua existência.

Está na hora de mudar a forma, os meios, corrigir os defeitos e descobrir porque até agora não funcionou esse órgão. Parece que o senhor Governador sabe que isso dá muito trabalho e gasta-se muito tempo, mas, esses lugares ficaram esquecidos por mais tempo ainda e nós esquecemos que lá há seres humanos. Seres humanos como nós que pensam e também podem pensar que o NUNCA pode se transformar em um TALVEZ..., ou num QUEM SABE..., ou num EU POSSO SER UM HOMEM DE BEM E FELIZ E CONVIVER NOVAMENTE COM A SOCIEDADE...Por que não???

Selma Parmegiani Loebel
sploebel@uol.com.br


 

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